{"id":7,"date":"2021-09-23T20:01:06","date_gmt":"2021-09-23T20:01:06","guid":{"rendered":"http:\/\/www.estadionacionaldebrasilia.com.br\/?p=7"},"modified":"2021-09-23T20:01:06","modified_gmt":"2021-09-23T20:01:06","slug":"dor-neuropatica-ela-surge-sem-explicacao-aparente-mas-e-real","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/www.estadionacionaldebrasilia.com.br\/index.php\/2021\/09\/23\/dor-neuropatica-ela-surge-sem-explicacao-aparente-mas-e-real\/","title":{"rendered":"Dor neurop\u00e1tica: Ela surge sem explica\u00e7\u00e3o aparente mas \u00e9 real"},"content":{"rendered":"

O inc\u00f4modo costuma ser causado por uma disfun\u00e7\u00e3o ou les\u00e3o no sistema nervoso. Na maioria dos casos, n\u00e3o h\u00e1 cura. A dor neurop\u00e1tica \u00e9 um tipo de sensa\u00e7\u00e3o dolorosa que ocorre em uma ou mais partes do corpo e \u00e9 associada a doen\u00e7as que afetam o Sistema Nervoso Central, ou seja, os nervos perif\u00e9ricos, a medula espinhal ou o c\u00e9rebro.\u00a0Essa dor pode ser consequ\u00eancia, tamb\u00e9m, de algumas doen\u00e7as degenerativas que levam \u00e0 compress\u00e3o ou a les\u00f5es das ra\u00edzes dos nervos ao n\u00edvel da coluna.<\/span><\/p>\n

\"\"<\/p>\n

A dor muitas vezes surge sem uma explica\u00e7\u00e3o vis\u00edvel, \u00f3bvia, palp\u00e1vel. Nenhum corte, nenhuma les\u00e3o em algum tecido, nenhuma fratura que justifique o desconforto. Apenas h\u00e1 a dor, uma sensa\u00e7\u00e3o de queima\u00e7\u00e3o ou de formigamento. Assim pode ser definida a dor neurop\u00e1tica, um inc\u00f4modo cr\u00f4nico que acontece quando existe algum comprometimento no funcionamento de parte do sistema nervoso respons\u00e1vel pelo processamento de informa\u00e7\u00f5es sensoriais. Justamente aquela que permite que o indiv\u00edduo reaja aos est\u00edmulos externos e sinta, inclusive, dores.<\/p>\n

No entanto, essa rea\u00e7\u00e3o \u00e9 exagerada e sem tr\u00e9gua. \u201cA dor neurop\u00e1tica n\u00e3o tem fun\u00e7\u00e3o protetora. Ela existe quando h\u00e1 uma les\u00e3o estrutural ou funcional da via que transmite o sinal de dor ao c\u00f3rtex cerebral\u201d<\/em>, explica o ortopedista Douglas Kenji Narazaki, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Cl\u00ednicas da Faculdade de Medicina da Universidade de S\u00e3o Paulo (HC-FMUSP). O resultado \u00e9 uma sensa\u00e7\u00e3o dolorosa persistente e aparentemente inexplic\u00e1vel, mas que pode esconder outros problemas, como diabetes, les\u00f5es no sistema nervoso central e at\u00e9 infec\u00e7\u00f5es. O mal, se n\u00e3o tratado, tamb\u00e9m afeta a qualidade de vida e compromete o equil\u00edbrio emocional do paciente.<\/p>\n

No momento de uma les\u00e3o, o corpo humano p\u00f5e um freio na dor aguda promovendo a libera\u00e7\u00e3o de opioides. Sem eles, a experi\u00eancia dolorosa ap\u00f3s uma cirurgia ou qualquer outro tipo de trauma seria muito pior. Essas subst\u00e2ncias podem ser derivadas do \u00f3pio ou produzidas naturalmente pelo corpo, como a endorfina e a dinorfina. Algumas vezes, por\u00e9m, mesmo com a a\u00e7\u00e3o delas, a dor aguda pode progredir para cr\u00f4nica, para a qual n\u00e3o h\u00e1 tratamento.<\/p>\n

De acordo com estudo publicado, no m\u00eas passado, na Science, o al\u00edvio nesse caso pode estar intrinsecamente ligado \u00e0 perman\u00eancia da dor. Pesquisadores do Departamento de Fisiologia da Universidade de Kentucky (EUA) mostram que a depend\u00eancia corporal a opioides naturais do organismo pode contribuir para o surgimento das dores cr\u00f4nicas. O grupo liderado por Gregory Corder acredita que o bloqueio do uso excessivo de opioides naturais pelo organismo poderia impedir a transi\u00e7\u00e3o para condi\u00e7\u00f5es mais graves.<\/p>\n

Para explorar o papel dos opioides na dor cr\u00f4nica, os pesquisadores produziram uma inflama\u00e7\u00e3o nas patas de camundongos. A estrat\u00e9gia provocou dor, que foi diminuindo ao longo dos dias com a ajuda de opioides naturais. Em seguida, foram administrados bloqueadores dos receptores de opioides. As drogas ressuscitaram os comportamentos associados \u00e0 dor e \u00e0 ativa\u00e7\u00e3o neuronal de dor nas espinha dos animais mesmo quando les\u00e3o foi causada h\u00e1 mais de seis meses.<\/p>\n

Dessa forma, os cientistas identificaram um receptor espec\u00edfico para o opioide que medeia a inibi\u00e7\u00e3o da dor de longo prazo. Em camundongos com dor cr\u00f4nica, esse receptor parecia estar preso em um estado \u201cligado\u201d ininterruptamente. Quando foi fornecido um bloqueador a opioide, as cobaias exibiram sinais cl\u00e1ssicos de abstin\u00eancia aos opi\u00e1ceos, como agita\u00e7\u00e3o e tremores.<\/p>\n

Os pesquisadores descobriram que o bloqueio do receptor n\u00e3o apenas inicia a dor e a transmiss\u00e3o dela, como tamb\u00e9m a produ\u00e7\u00e3o de uma prote\u00edna-chave encontrada na medula espinhal e conhecida por contribuir para a dor e sua depend\u00eancia cr\u00f4nica. Eles sugerem que, embora a dor aguda seja mantida sob controle com a presen\u00e7a desses receptores, \u00e9 poss\u00edvel que tamb\u00e9m possa fazer com que o corpo se torne dependente dos pr\u00f3prios analg\u00e9sicos, contribuindo para o desenvolvimento da dor cr\u00f4nica.<\/p>\n

Caracter\u00edsticas da dor neurop\u00e1tica<\/h2>\n

A dor neurop\u00e1tica se manifesta de v\u00e1rias formas, como sensa\u00e7\u00e3o de queima\u00e7\u00e3o, peso, agulhadas, ferroadas, choques. Pode ser acompanhada ou n\u00e3o de \u201cformigamento\u201d ou \u201cadormecimento\u201d (sensa\u00e7\u00f5es chamadas de parestesias) de uma determinada parte do corpo.<\/p>\n

Como no sistema nervoso existem fibras \u201cfinas\u201d e fibras \u201cgrossas\u201d, as caracter\u00edsticas das dores podem identificar qual o tipo de fibra que est\u00e1 acometida. Nas les\u00f5es de fibras finas geralmente predominam as dores em queima\u00e7\u00e3o, aperto e peso. Nas les\u00f5es de fibras grossas s\u00e3o mais comuns as dores em pontadas, agulhadas e choques. Existe, ainda, situa\u00e7\u00f5es em que existem ambos os tipos de dores, isto \u00e9, dores de fibras finas e grossas ao mesmo tempo, sendo chamadas de dores mistas.<\/p>\n

Quando somente um trajeto nervoso est\u00e1 comprometido pela doen\u00e7a, por isso chamado de mononeuropatia, a dor \u00e9 bem localizada, podendo afetar um lado do corpo ou da regi\u00e3o (por exemplo, um lado da perna, do t\u00f3rax, da face, etc.). \u00c0s vezes, mais de um nervo pode estar envolvido no processo, causando dores em mais de um segmento do corpo (mononeuropatia m\u00faltipla).<\/p>\n

Quando v\u00e1rios nervos est\u00e3o alterados ou danificados, ou seja, nas polineuropatias, a dor aparece de forma difusa, generalizada, podendo provocar dor no tronco, nos bra\u00e7os e pernas ao mesmo tempo.\u00a0A dor pode ser cont\u00ednua (estar presente durante todo o tempo) ou intermitente (em crises, surgindo em hor\u00e1rios intercalados). A intensidade da dor varia de fraca a intoler\u00e1vel, dependendo do est\u00e1gio da doen\u00e7a e do grau de comprometimento dos nervos.<\/p>\n

Fatores desencadeantes<\/h2>\n
    \n
  • Doen\u00e7as infecciosas:<\/strong> causadas por bact\u00e9rias ou v\u00edrus que podem afetar os nervos pela libera\u00e7\u00e3o de toxinas ou pela degenera\u00e7\u00e3o provocada pela presen\u00e7a do micro-organismo. Podem determinar dores agudas ou dores que persistem ap\u00f3s a resolu\u00e7\u00e3o do processo infeccioso, como, por exemplo, a neuralgia p\u00f3s-herp\u00e9tica causada pelo v\u00edrus Herpes varicela zoster, vulgarmente conhecido como \u201ccobreiro\u201d.<\/li>\n
  • Traumas:<\/strong> em trajetos nervosos por acidentes, fraturas ou cirurgias que levam a dores agudas de grande intensidade no per\u00edodo de convalescen\u00e7a ou no p\u00f3s-operat\u00f3rio, as quais podem se tornar cr\u00f4nicas, caso n\u00e3o sejam tratadas adequadamente.<\/li>\n
  • Diabetes mellitus:<\/strong> na fase degenerativa, pode lesar a capa que reveste os nervos (chamada de \u201cbainha de mielina\u201d), provocando a neuropatia diab\u00e9tica.<\/li>\n
  • Acidentes:<\/strong> que afetem a coluna, determinando les\u00f5es da medula, podendo causar dor intensa e persistente.<\/li>\n
  • Alcoolismo, defici\u00eancia nutritiva e de certas vitaminas:<\/strong> afetam a fun\u00e7\u00e3o nervosa de forma significativa desencadeando um quadro de dor.<\/li>\n<\/ul>\n

    Tratamento<\/h2>\n

    O tratamento da dor neurop\u00e1tica varia de acordo com a doen\u00e7a e o est\u00e1gio em que ela se encontra. O objetivo \u00e9 tratar especificamente do nervo, ou a doen\u00e7a que est\u00e1 lesando o nervo indiretamente e\/ou a dor oriunda dessas les\u00f5es ou visar somente o al\u00edvio da dor. Os medicamentos comumente usados s\u00e3o:<\/p>\n

      \n
    • Anticonvulsivantes:<\/strong> subst\u00e2ncias usadas para tratar epilepsia (gabapentina, carbamazepina, lamotrigina) que atuam diminuindo a atividade el\u00e9trica dos nervos ou inibindo a passagem das dores por determinadas vias nervosas.<\/li>\n
    • Anest\u00e9sicos:<\/strong> como a cetamina e ropivaca\u00edna, que tamb\u00e9m diminuem a atividade el\u00e9trica dos nervos.<\/li>\n
    • Antidepressivos:<\/strong> como a amitriptilina e imipramina, que estimulam certas partes do sistema nervoso que v\u00e3o inibir a passagem das dores, al\u00e9m de atuar na depress\u00e3o que geralmente acompanha a neuropatia ou qualquer dor na fase cr\u00f4nica.<\/li>\n<\/ul>\n

      Os anticonvulsivantes e os antidepressivos s\u00e3o administrados por via oral e os anest\u00e9sicos, pelas vias oral, intravenosa e peridural (na medula espinhal). No caso das medica\u00e7\u00f5es usadas pela via oral, os resultados de melhora come\u00e7am a ser sentidos ap\u00f3s duas ou tr\u00eas semanas de tratamento e depois de reajustes progressivos nas dosagens. Esses medicamentos costumam, no in\u00edcio, provocar sonol\u00eancia, tonturas, sensa\u00e7\u00e3o de cabe\u00e7a vazia e boca seca, as quais cedem dentro de cinco a sete dias.<\/p>\n

      Quando se faz uso de medicamento por via intravenosa (infus\u00e3o pela veia), h\u00e1 necessidade de hospitaliza\u00e7\u00e3o por uns dias, para se controlar melhor as rea\u00e7\u00f5es. Durante o tratamento, podem ocorrer efeitos colaterais, geralmente mais acentuados no in\u00edcio, que tendem a amenizar com a continuidade da terapia. A persist\u00eancia com o tratamento \u00e9 muito importante para se obter bons resultados.<\/p>\n

        \n
      • Cirurgia:<\/strong> Para alguns tipos espec\u00edficos de dores neurop\u00e1ticas o m\u00e9dico pode indicar algum tipo de tratamento cir\u00fargico sobre o nervo ou na medula espinhal ou at\u00e9 em n\u00edvel cerebral (exemplos: implantes de eletrodos, estimuladores que funcionam como marca-passos do cora\u00e7\u00e3o).<\/li>\n<\/ul>\n

        O tratamento objetiva a cura da doen\u00e7a e, quando n\u00e3o for poss\u00edvel, o al\u00edvio do sofrimento do paciente. Vale lembrar que o controle adequado da dor favorece o paciente em v\u00e1rios aspectos: melhora as atividades di\u00e1rias, proporciona sono tranquilo e reparador, aumenta a capacidade para o trabalho, estimula o apetite sexual e de lazer e melhora a autoestima. Enfim, melhora a qualidade de vida.<\/p>\n

        Orienta\u00e7\u00f5es gerais<\/h3>\n
          \n
        • \u00c9 aconselh\u00e1vel buscar orienta\u00e7\u00e3o m\u00e9dica;<\/li>\n
        • Quando mais informa\u00e7\u00f5es voc\u00ea tiver em rela\u00e7\u00e3o ao seu problema, mais chances de um bom resultado voc\u00ea ter\u00e1;<\/li>\n
        • Tome as medica\u00e7\u00f5es nos hor\u00e1rios recomendados, sem alterar as dosagens;<\/li>\n
        • Pode ser que o tratamento seja de longa dura\u00e7\u00e3o, por\u00e9m, n\u00e3o desanime, procure seguir rigorosamente as orienta\u00e7\u00f5es da equipe (m\u00e9dico, enfermeiro, etc).<\/li>\n
        • Lembre-se: O sucesso do tratamento depende muito de voc\u00ea.<\/li>\n<\/ul>\n

          Exemplos de doen\u00e7as ou les\u00f5es que provocam dores neurop\u00e1ticas:<\/strong><\/p>\n

            \n
          • Neuralgia do trig\u00eamio.<\/li>\n
          • Neuralgia do glossofar\u00edngeo (nervo da l\u00edngua e garganta).<\/li>\n
          • Neuralgia facial at\u00edpica.<\/li>\n
          • Neuralgia traum\u00e1tica (ap\u00f3s acidentes).<\/li>\n
          • Neuralgia incisional (de cicatrizes).<\/li>\n
          • Radiculalgia p\u00f3s-laminectomia (por cicatriz ap\u00f3s cirurgia de h\u00e9rnia de disco).<\/li>\n
          • Neurite ou polineurite diab\u00e9tica.<\/li>\n
          • Plexalgia ou plexite ap\u00f3s radioterapia.<\/li>\n
          • Tumores comprimindo nervos.<\/li>\n
          • S\u00edndrome tal\u00e2mica (ap\u00f3s derrames cerebrais em \u00e1reas espec\u00edficas).<\/li>\n
          • Disestesia do parapl\u00e9gico (ap\u00f3s les\u00f5es completas ou incompletas da medula espinhal).<\/li>\n<\/ul>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

            O inc\u00f4modo costuma ser causado por uma disfun\u00e7\u00e3o ou les\u00e3o no sistema nervoso. Na maioria dos casos, n\u00e3o h\u00e1 cura. A dor neurop\u00e1tica \u00e9 um tipo de sensa\u00e7\u00e3o dolorosa que ocorre em uma ou mais partes do corpo e \u00e9 associada a doen\u00e7as que afetam o Sistema Nervoso Central, ou seja, os nervos perif\u00e9ricos, a […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":8,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[1],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/www.estadionacionaldebrasilia.com.br\/index.php\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7"}],"collection":[{"href":"http:\/\/www.estadionacionaldebrasilia.com.br\/index.php\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/www.estadionacionaldebrasilia.com.br\/index.php\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/www.estadionacionaldebrasilia.com.br\/index.php\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/www.estadionacionaldebrasilia.com.br\/index.php\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=7"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/www.estadionacionaldebrasilia.com.br\/index.php\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/www.estadionacionaldebrasilia.com.br\/index.php\/wp-json\/wp\/v2\/media\/8"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/www.estadionacionaldebrasilia.com.br\/index.php\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=7"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/www.estadionacionaldebrasilia.com.br\/index.php\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=7"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/www.estadionacionaldebrasilia.com.br\/index.php\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=7"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}